Da série: respondendo a pergunta...



A pergunta é de Catiane (estudante de Fisioterapia): 
- um paciente que teve meningite, por exemplo, e esta em coma, quais são os aspectos neurológicos que poderia detectar nele, quais reflexos apareceram e movimentos , fale sobre todas as alterações visíveis pela fisioterapia enquanto este paciente esta no leito, falando em aspectos neurológicos...Quais são os aspectos clínicos de um paciente em UTI? Que reflexos apareceram e desapareceram? quais alterações? tônus? etc....

Olá, Catiane!

O paciente neurológico em UTI pode apresentar-se com diferentes quadros clínicos. Depende muito da doença que o está acometendo e da sua gravidade. O paciente pode ter uma doença aguda, como o traumatismo craniano ou AVC, ou apresentar sequelas de uma patologia antiga. A Fisioterapia, nesses pacientes, divide-se, basicamente, em respiratória e motora. Na motora, estão incluídos os objetivos neurofuncionais (tônus, força, troca de posturas...) e os ortopédicos (amplitudes das articulações, alongamentos...).

Diversos itens da avaliação neurofuncional ficam prejudicados quando o paciente está inconsciente. O fisioterapeuta deve estar atento, principalmente, às alterações de tônus e às posturas anormais que podem surgir. Movimento ativo, força, equilíbrio (mesmo em decúbito lateral), sensibilidade, reações de endireitamento e tantos outros componentes não podem ser avaliados. Objetivamente, somente o tônus e os reflexos fásicos (de menor importância) são considerados, pois são os que menos dependem da consciência. Aqui, o trabalho de reabilitação é quase todo passivo. Porém, atualmente, se preconiza que o fisioterapeuta faça o máximo de movimentos com o paciente, inclusive, colocando-o sentado com as pernas para fora, fazendo pressão embaixo dos pés como se estivesse pisando no chão, fazendo pressão nos braços apoiados, estendendo e girando tronco, levantando o pescoço e a cabeça. Enfim, mesmo que o paciente esteja com tubos, mangueiras e outros equipamentos médicos e de enfermagem, temos que mobilizá-lo ao máximo. O resultado disso aparece depois... 

O paciente que está em vigília e respondendo ativamente a estímulos variados, mesmo que parcialmente, muitas vezes tem condições de fornecer muitas informações ao fisioterapeuta. Inclusive, a possibilidade de levantar-se do leito com ou sem ajuda, ficando em pé ao lado do leito. Nesses casos, o trabalho deixa de ser passivo e torna-se ativo-assistido ou ativo. Depende das condições do paciente, dos cuidados específicos para cada caso e da habilidade do profissional. Um tratamento progressivo, considerando o tempo estimado que o paciente ficará na UTI e o que ele já realiza (quanto ao movimento), pode ser uma alternativa. 

Muitos casos em UTI estão entre a inconsciência grave (Glasgow 3 ou 4) e a consciência responsiva. Sonolência, estupor, agitação psicomotora e outros comportamentos intermediários devem levar o fisioterapeuta a encontrar soluções avaliativas e de tratamento. Não se pode esquecer de introduzir um Programa de Posicionamento urgente, considerando-se os decúbitos dorsal, lateral, sentado no leito com a cabeceira elevada ou na cadeira fora do leito; assim como, os segmentos acometidos e com risco de limitações. Tal procedimento deveria ser adotado por todos que lidam com o paciente na UTI ou nas enfermarias, sendo o fisioterapeuta o responsável pelas orientações.

Abraços. 
www.reabilitacaoneurologica.com.br

Dr. Adriano Daudt,
Crefito5 19.368F.

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